Objetivo

Basicamente, este blog objetiva a realização de intercâmbio cultural e de informações, mormente entre os confrades da Academia Ubaense de Letras, entidade da qual o administrador é membro efetivo. O conteúdo poderá ainda subsidiar estudantes ou simpatizantes das letras, seja em pesquisas escolares ou levantamento de informações relacionadas, por exemplo, com a história do Município ou da microrregião de Ubá e da própria AULE.



terça-feira, 1 de maio de 2012

Haja e (re)ajam Boff’s...?


Antonio Carlos Estevam (*)     -     estevam1951@gmail.com

 Primeiro fomos à Wikipédia: O Celibatário (do latim cælibatus que significa "não casado") na sua definição literal é uma pessoa que se mantém solteira, sem obrigação de manter a castidade, podendo manter relações sexuais. No entanto, o termo é popularmente usado para descrever uma pessoa que escolhe abster-se dessas atividades. (...)houve alguns papas casados (Adriano II, Honório IV), bispos casados (nas dioceses da Islândia até à Reforma protestante; o bispo Salomão Barbosa Ferraz no Brasil) e vários padres casados ordenados nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Reino Unido e Escandinávia, sob autorização especial.
Salvo engano foi em 2010 que assisti a um programa de reportagem investigativa, apresentado pelo competente Roberto Cabrini da SBT: “Conexão Repórter”. Tratava-se de suspeita de pedofilia. Infelizmente, não é novidade, nem é um caso isolado. Mas é pedofilia praticada por padres da Igreja Católica de Arapiraca em Alagoas, comprovada com gravação de imagens, feita por um dos ex-coroinhas. O vídeo mostra monsenhor Luiz Marques (que negou as acusações) mantendo relações com um adolescente (coroinha da igreja). O caso abalou a cidade e repercutiu no Brasil e no mundo. Cabrini contou detalhes da reportagem em seu blog.
A produção do programa flagrou um advogado identificado como Daniel Fernandes intimidando e até ameaçando os jovens (vitimas de abusos) responsáveis pela gravação. Os garotos confirmaram ainda que receberam R$ 32 mil reais do advogado em uma negociação intermediada pelo Monsenhor Raimundo (outro acusado) para que não divulgassem as cenas. Após a reportagem do “Conexão Repórter”, o Vaticano, admitiu haver pedofilia na Igreja católica no Brasil e afastou os padres envolvidos. A CPI da pedofilia do Senado Federal resolveu ouvir os pedófilos e abusados. O promotor responsável pelo caso ouviu todos os envolvidos e, diante dos fatos narrados, encaminhou o material à Polícia Civil alagoana e pediu a instauração de um inquérito para apurar a denúncia. A investigação caberia a delegacia especializada em crimes contra a criança.
Mediante os escândalos de pedofilia e/ou homossexualismo envolvendo padres, ações e posturas contraditórias à conduta de um sacerdote, pela função que ocupa e a quem se atribui confiança, credibilidade, respeito, sobretudo porque tem a missão de pregar os ensinamentos cristãos e propagar a palavra de Deus, uma questão reflexiva me intriga: por que padre não pode casar?
Li que a doutrina que proíbe o casamento de padres (chamada celibato) foi estabelecida na Idade Média, no ano de 1.123, período em que a Igreja detinha forte poder de influência na sociedade. Queimava pessoas na fogueira da Inquisição, aquelas que se opunham as idéias do clero. Era o momento em que a força política e econômica da Igreja até superava a burguesia e os governos. Cobravam-se indulgências e impostos dos fieis. A explicação para a proibição do casamento dos padres, conta-se, a Igreja não queria gastar mais dinheiro, pois com mulher e filhos seria muito mais caro bancar os padres. Se divorciasse seriam mais gastos para os cofres da Igreja. Quando o padre morresse os bens dele ficariam com os familiares. Assim seria prejuízo para a Igreja Romana. Um pretexto arcaico, mantido até os dias atuais. Porém a Igreja gasta milhões com indenizações para as famílias de crianças abusadas em sentenças de pedofilia. A diocese católica de San Diego, no Estado americano da Califórnia, fechou acordo com mais 144 vítimas de sacerdotes pedófilos e pagará indenizações no valor total de US$ 198 milhões (mais de R$ 388 milhões). De onde sai esse dinheiro?
Dentre os argumentos defendidos pelos que são a favor do celibato: os padres têm que se dedicar totalmente a sua missão religiosa, como forma mais elevada de servir a Deus, sem ter outras preocupações, seguindo o exemplo de Cristo, que foi celibatário. Mas segundo a própria Bíblia, os sacerdotes podiam casar-se, já que Pedro tinha esposa (Marcos 1, 29-30). Há ainda a alegação de que a pedofilia também é uma pratica criminosa de indivíduos que não são celibatários. Um argumento que não justifica. Porém há igrejas católicas de ritos orientais, unidas ao papa, que não exigem o celibato de seus padres. Entre essas, estão a Igreja Melquita e a Igreja Maronita. O secretário do Vaticano tornou o assunto mais polêmico ao afirmar que a causa da pedofilia na Igreja é o homossexualismo e não o celibato. Merece a paciência do leitor o que a seguir desentoco de meus arquivos, transcrevendo.
Leonardo Boff, teólogo, escritor e professor emérito da UERJ, em artigo divulgado no jornal Estadão, afirma que os padres pedófilos envergonham os católicos. Boff defende com veemência o fim do celibato, explica como é realizada a formação dos seminaristas em relação à sexualidade e critica a postura conservadora, patriarcal da Igreja mantida pelo papa Bento XVI:
É pouco dizer que a pedofilia envergonha a Igreja. É pior. Ela representa uma dívida impagável com aqueles menores que foram abusados sob a capa da credibilidade e da confiança que a função de padre encarna. (...) Sabemos como é insuficiente a educação para a integração da sexualidade no processo de formação dos padres. Ela é feita longe do contato normal com as mulheres, o que produz certa atrofia na construção da identidade. As ciências da psique nos deixaram claro: o homem só amadurece sob o olhar da mulher e a mulher sob o olhar do homem. Homem e mulher são recíprocos e complementares. (...) O escândalo da pedofilia se constitui num sinal dos tempos atuais. Do Vaticano II (1962-1965) aprendemos que cumpre identificar nos sinais uma interpelação que Deus nos quer transmitir. Vejo que a interpelação vai nesta linha: está na hora de a Igreja romano-católica fazer o que todas as demais Igrejas fizeram: abolir o celibato imposto por lei eclesiástica e liberá-lo para aqueles que vêem sentido nele e conseguem vivê-lo com jovialidade e leveza de espírito. Mas essa lição não está sendo tirada pelas autoridades romanas. Ao contrário, apesar dos escândalos, reafirmam o celibato com mais vigor. Por que a Igreja romano-católica não dá um passo e abole a lei do celibato? Porque é contraditório com a sua estrutura. Ela é uma instituição total, autoritária, patriarcal e altamente hierarquizada. Ela abarca a pessoa do nascimento à morte. O poder conferido ao papa, para uma consciência cidadã mínima, é simplesmente tirânico. O celibato implica cooptar o sacerdote totalmente a serviço, não da humanidade, mas desse tipo de Igreja. Ele só deverá amar a Igreja. Enquanto essa lógica perdurar, não esperemos que a lei do celibato seja abolida. Ele (celibato) é muito cômodo para ela (igreja).”
São milhares de padres no Brasil, a maioria tem uma conduta ética, correta, pautada pelos princípios cristãos. Por isso, os casos de pedofilia não podem condenar todos, toda a Igreja. Embora seja difícil não atribuir descrédito à instituição católica...
A igreja que se renovou em alguns aspectos, que pediu perdão à humanidade pelos seus pecados da Idade Média, que defendeu os direitos do povo brasileiro durante a ferrenha ditadura militar, que cumpre um papel político-social importante na sociedade através das suas pastorais e da Campanha da Fraternidade da CNBB, fundamentada pelos princípios de fraternidade, igualdade e solidariedade, enfrenta hoje, talvez, um dos maiores desafios da sua história: abolir ou não o celibato?
“Se admitirmos conceber Deus como uma forma de energia primeira, da qual emanaram todas as outras; se fizermos nossa a idéia de que a natureza, dita manifestação do poder criador de Deus, se governa por si mesma; se prosseguirmos nessa linha de raciocínio... chegaremos à conclusão de que: passar uma existência inteira a sufocar o impulso sexual vem em flagrante agressão à ordem natural das coisas, na medida, por exemplo, em que dá contribuição inversa para a propagação da espécie. Se argumentos assim não bastassem, sugeriria considerar-se o quanto de benefício é sentido, na saúde, pelos que têm atividade sexual regular. Uma transa bem realizada, pelo menos entre um homem e uma mulher, parece elevar neles, imediatamente, os níveis e a duração da saúde. Uma sensação de felicidade, de harmonia do funcionamento do corpo e da mente invade todo o ser, parece que células se reorganizam... Se entrevistarmos os celibatários ditos por opção, havendo honestidade nas respostas decerto se concluirá que via de regra os “votos” são dados em troca de uma suposta recompensa maior, ficando por detrás uma eterna queixa, não livremente manifestada. A velha praxe de condenar ou proibir atividades assim, demonizando-as em lugar de, à custa de educar, fazer a pessoa entender que liberdade tem que ser exercida com responsabilidade, e que expor-se é um direito que tem como contrapartida o dever de assumir os riscos, é o que eu costumo chamar de adoção de soluções fáceis para as coisas... —merece comentário?”, resume o professor Tarcizio de Mauá, lido dinamicamente o acima.


(*) ANTONIO CARLOS ESTEVAM é membro efetivo da Academia Ubaense de Letras – AULE e seu ex-1º secretário por duas gestões. É sucessor do escritor Sílvio Braga na cadeira no. 21, que tem por patrono o jornalista Octavio Braga


PUBLICADO NO GAZETA REGJORNAL, EDIÇÃO DE 16/04/2012, MÊS DO DEBUT DO GAZETA  (15 ANOS)

ROSA SERRANO HOMENAGEOU MAURO PAULINO


Rosa Maria da Cruz Serrano - Companheiro Mauro PaulinoPDFImprimirE-mail

Avaliação do Usuário: / 0
PiorMelhor 
  Tenho guardado na tela mental de minhas memórias: Você com meu filho no colo a correr para atendimento médico, ajudando-me na recuperação de sua saúde quase perdida. Você com a chave de sua casa na mão oferecendo-me moradia, em tempos de crise, numa esquina qualquer, sem eu nada ter falado ou pedido.

  Recordo dos cuidados conosco, eu e meu filho.

  -Do “CUMADI Rosa” a ressoar pelo ar e do beijo com aço nos finais das mensagens.

  -De suas bênçãos e lágrimas de carinho e amor para o afilhado.

   Você amigo, deu-me uma incumbência, ao convidar-me para ingressar na Academia de Letras:

  “Quando eu partir você será, “OJUM TAUA MONA”(mulher que observa e fala por mim). Mauro Paulino, cadeira nº13 do Maestro João Ernesto indicou-me para fazer parte deste lugar onde as pessoas se fazem imortais pela arte. Palavras em prosas e versos, pela poesia de se expressarem também em musica, pintura, ou como eu agora, declamando versos de outrem, o que muito me faz feliz.  Especialmente quando são palavras de uma pessoa meiga, que transborda ternura, conhecimentos de uma vida, plenamente vivida.

  Trocando o deitar na rede, para se transformar na pilastra central de uma academia que jazia numa escuridão. Onde os holofotes ao serem apagados, condenavam os personagens ilustres desta terra à obscuridade. Senhor Manoel, Doutor Manoel, ao assumir tal incumbência renovou a imortalidade das pessoas que dela faziam parte, em nossas lembranças por suas obras, e oportunizou a mortais como eu, de expressarem a cultura desta terra maravilhosa que faz desta Academia Ubaense de letras o arauto do saber.

  Amo declamar poemas de um acadêmico tão brilhante, que ao se emocionar coloca em folha de papel seus sentimentos, fazendo aquecer nossos corações.

  Ah! Amigo Mauro, “cumpadi”, a quem eu amei e amo como companheiro e irmão nesta e em muitas outras vidas.  Posso até ser seus olhos, mas falar por você nunca, porque Mauro Paulino você foi e será unico.

  Por saber que a magia existe, devemos tornar eternos os momentos mágicos que vivemos. Você e eu pura magia, fomos magos, fadas, bruxos, duendes, personagens da dramaturgia da vida.Sabe amigo, nossas vidas foram momentos únicos. Momentos feitos de nós.

* Da Academia Ubaense de Letras

COLADO DO GAZETA REGJORNAL, EDIÇÃO PRETÉRITA.